Michel Temer (MDB) e Evo Morales criam grupo de trabalho para avançar em corredor ferroviário

O presidente Michel Temer e seu homólogo da Bolívia, Evo Morales, criaram nesta terça-feira um grupo de trabalho binacional que se encarregará de assentar as bases iniciais necessárias para o futuro Corredor Ferroviário Bioceânico Central.


EFE

A criação do Grupo de Trabalho Brasil-Bolívia para a Integração Ferroviária, assim como o estabelecimento de um plano de trabalho inicial, estão previstas no Memorando de Entendimento assinado hoje em Brasília durante uma visita oficial de Morales ao Brasil.

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Evo Morales e Michel Temer (MDB) | EFE/Joedson Alves

"Avançar neste trem está nas nossas mãos. Com isto ganhamos todos: cortamos tempos, cortamos distâncias, reduzimos custos, venderemos muito melhor nossos produtos. E essa é a verdadeira integração", afirmou Morales na cerimônia.

"A integração física é fundamental. A conexão ferroviária facilitará o transporte de produtos e gerará mais prosperidade para nossos povos", disse Temer.

O acordo propõe, além de criar condições que permitam o aumento do tráfego ferroviário entre os dois países, "estabelecer as bases para o pleno aproveitamento da infraestrutura ferroviária existente no projeto denominado Corredor Ferroviário Bioceânico para a Integração".

Tal projeto, considerado "de suma importância estratégica na região", prevê a futura construção de uma ferrovia entre os portos de Santos, no litoral Atlântico, e Ilo, no Pacífico, através do território boliviano.

O Corredor também aponta para a vinculação, em uma segunda fase, ao Paraguai e à Argentina e é um dos muitos projetos de integração auspiciado pela União de Nações Sul-Americanas (Unasul), organização cuja presidência anual será exercida pela Bolívia a partir de abril.

O Grupo de Trabalho previsto no memorando, que contará com participação ampla de representantes dos Governos, tem como objetivo "definir ações, coordenar iniciativas e compartilhar informações, com o propósito de assegurar eficiência, agilidade, segurança, previsibilidade e competitividade ao movimento da carga ferroviária entre os dois países".

O Plano de Trabalho previsto no mesmo memorando, por sua vez, compromete os dois países a "concentrar inicialmente esforços na identificação e a colocar em vigência as medidas necessárias para criar as condições que viabilizem o Corredor, especialmente na região de fronteira, nos municípios de Corumbá, Ladário, Puerto Quijarro e Puerto Suárez".

O Plano de Trabalho também compromete ambos países na "adequação das instalações existentes na fronteira Brasil-Bolívia à integração ferroviária entre os dois países e às necessidades futuras".

O memorando foi assinado pelo ministro brasileiro dos Transportes, Portos e Aviação Civil, Maurício Quintella Lessa, e pelo titular de Obras Públicas, Serviços e Habitação da Bolívia, Milton Claros Hinojosa.

Segundo o memorando, o fortalecimento de uma conexão ferroviária entre os dois países "permitirá reduzir o impacto do Mediterrâneo sobre a economia boliviana, aumentar o comércio bilateral e as relações econômicas e aprofundar a integração dos Estados sul-americanos".

Quanto à origem dos recursos para os primeiro passos rumo ao Corredor, o memorando esclarece que as ações serão financiadas "segundo a disponibilidade orçamentária" de ambos países, mas que, "quando for necessário, as partes poderão fazer uso de outras alternativas de financiamento".

Os presidentes do Brasil e da Bolívia também assinaram um acordo de cooperação policial destinado a melhorar "a prevenção e a luta contra o crime organizado transnacional e qualquer outra manifestação delitiva".

Morales, o primeiro líder do chamado "eixo bolivariano" que visita o Brasil após a destituição de Dilma Rousseff, teve nesta terça-feira em Brasília uma reunião privada com o presidente do Brasil, à qual depois se somaram ministros de ambos Governos.

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