O preço do inacabado
Planejada para interligar o Pará ao Rio Grande do Sul, a Ferrovia Norte-Sul está em construção há mais de 30 anos. Sua história é uma parábola sobre o que deu errado no Brasil. Alexander Busch | Deutsch Welle A coluna do dia 13 de maio de 1987 publicada na Folha de S. Paulo soou como uma bomba. Nela, o jornalista Jânio de Freitas afirmava que os vencedores da licitação para a construção da Ferrovia Norte-Sul já eram conhecidos no dia anterior. Ele pôde provar isso com um simples truque: nos classificados, ele havia listado dias antes as 18 construtoras e suas rotas designadas num anúncio. A informação havia sido vazada para ele por um informante. Com a publicação disfarçada, Freitas queria evitar que o edital de concorrência fosse simplesmente interrompido, e o escândalo, abafado. O total da encomenda girava em torno de 2,5 bilhões de dólares. Na época, tratava-se de uma das maiores licitações de projeto ferroviário do mundo. Com uma extensão de 4.500 quilômetros, a linha férr